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31 outubro, 2006

(Hoje és tu) Mi niña

Atada a um dia cinzento, por dentro e por fora, olha-se o céu em busca da luz que o ilumina, do sol que o torna azul. O tempo teima em ocultar o astro que nos aquece a pele, que nos cora as faces e docemente nos arranca um sorriso bonito. Perdidos num sabedor inconsciente, acarinhamos essa incómoda tristeza que se aninhou a nós, embalando-a ternamente. E assim, deixamos passar as horas.
Quiero verte sonreír:
con esos ojos maliciosos de niña lista, que sabe donde mira;
con esa expresión clara de niña guapa, que sabe que lo es;
con esos labios sutiles de niña astuta, que sabe lo que dice;
con esa alegría tonta de niña feliz, que mereces ser.

30 outubro, 2006

A resposta da resposta

Tu de facto ainda és pior do que eu pensava, dou-me por vencida dando-te por impossível com os nominativos piegas, mas não abdico do meu direito de voltar-te a repetir que os abomino, por muito que te custe acreditar.
Quanto ao teu pós-scriptum, que eu interpreto como a forma delicada que encontraste de retribuir-me a “graça” (o que não deixa de ser uma gentileza), dizer-te que tudo tem o seu tempo. O que outrora me pareceu uma consequência lógica de um agradável infortúnio, hoje já não faz sentido. Porque me habituaste aos olá, como estás? e que tal de fim-de-semana?, que não sendo ditos com indiferença, o são com a distância suficiente para não relevar mais nada, que tem o efeito de não nos preocupar, é como cruzar-nos com o vizinho na escada. E supondo, porque a minha prepotência sempre gostou de tal, que não entendes o porquê dos “escritos”, dizer-te que são apenas momentos. Sempre te guardarei um carinho especial, como a quem me ofereceu a primeira rosa, do qual não olvidarei o rosto, mas cujo nome esqueci há muito. Pelo que não sintas essa obrigação piedosa de agradecimento, porque não faz sentido.

Porquê não podemos limitar o agradecimento a um obrigado? Porquê acreditamos que sabemos o que os outros querem ouvir? Porquê somos incapazes de entender que não há necessidade de retribuir uma retribuição? Porquê voltei à idade dos porquês?

29 outubro, 2006

Hoy

Hoy, no me apetece vivir en mi mundo, ni salir de él.
El cielo tiene un tono distinto y el sol se ha ido a otra parte.
Hoy, no hay sonrisa tonta ni tristeza nostálgica.
El día no es gris ni azul y talvez permanezca así, o no.
Hoy es apenas otro día, apenas uno más.
La apatía nunca me ha gustado, ni yo a ella.
Hoy llegará a su a fin y entonces, empezará otro día.

28 outubro, 2006

Sólo quería decírtelo

Hoy me he acordado de ti, y claro que no es casualidad (es un aviso programado).
Te voy a contar una tontería - una de las muchas que circulan entre el salón y la cocina del piso de Tico y Teco - y es que he descubierto que vas a hacer parte de mi vida, hasta el final de sus días. Ya sé que no te he pedido permiso – creo que acabaron con las hojas azules de 25 líneas – pero tampoco lo necesito para recordar. Nunca sabré lo que piensas, porque no me lo dices y ya me he cansado de preguntártelo, pero hace tiempo que me ha dejado de importar - como a la luna saber, si el sol la ilumina o no – porque no cambia nada. Y no te preocupes, que mi dosis de locura (léase sentimentalismo ñoño), por no ser, ni real es, apenas pertenece a ese mundo imaginario donde voy a ser feliz, cuando me canso de vivir en este. Así que sólo quería decírtelo: que te guardaré siempre con cariño entre mis dedos, como a la pluma que en otros días utilicé para aliviar mi alma, y que tú me hiciste reencontrar.

Feliz cumpleaños, niño tonto.

27 outubro, 2006

Buenos días (con una sonrisa tonta)

Hoy, el cielo es azul celeste y está tímidamente adornado por pequeñas y suaves nubes blancas e iluminado por un sol resplandeciente que brilla.
Hoy, apetece más vivir.

26 outubro, 2006

Intentaba

Vamos organizar-nos!
Bons sentimentos para a direita (não sei porque sempre foi o meu lado preferido), Maus sentimentos para a esquerda! Agora, Bons sentimentos, os que são correspondidos dêem um passo enfrente, os que o não são dêem um passo para trás, e os que são ignorantes ficam onde estão! Entretanto os Maus sentimentos, agrupem-se por famílias! As invejas para um lado, os rancores para outro e por aí ad..eh! Oh raivaàmiúdaloiraquemepuxouocabelonaquartaclasse, onde pensas que vais?! adiante!
A vida não se organiza, vive-se,
os sentimentos não se definem, sentem-se.
as amizades não se constroem, partilham-se.
Não definam a organização que constroem,
Vivam o que sentem partilhando-o.

SBD 17.03.2006

Intentaba explicarle, que a veces tenemos que parar y pensar, organizar esa vida que pasa cada día y nos presenta nuevos escenarios a los que tenemos que reaccionar, recordando el pasado y previendo el futuro.
Intentaba explicarle, que a veces tenemos que parar y pensar, definir ese huracán de sentimientos y emociones que se nos presentan, sin querer entenderlos, pero intentando que no arrasen lo construido.
Intentaba explicárselo, no sé si lo habré conseguido, porque la mayoría de las veces, mi más difícil alumno, soy yo.

25 outubro, 2006

En el fondo (me he equivocado en la ruta y he ido a parar a Plutón)

En el fondo, lo que más me molesta, es estar convencida que le faltan páginas a la historia, pinceladas al cuadro, o que el brazo amputado del perfecto cuerpo esculpido, no es tan intencional como quiere parecer.
En el fondo, lo que más me cuesta, es que el chubasquero no es tan impermeable, las plantas acaban de ser transplantadas a nuevas macetas y mis recuerdos de reencuentros con el musgo de Navidad, hoy no son tan claros.
En el fondo, lo que más me duele, es sentir el corazón apretado, el nudo en la garganta y las lágrimas en los ojos, cuando debería sonreír en una soleada tarde de inverno, mientras te vuelvo a explicar quien soy yo.

24 outubro, 2006

Formas

Queria parar a chuva, porque não gosto de nuvens cinzentas, mas sempre a necessitamos para regar os campos. É uma estação renovada e nostálgica, por essas folhas caducas e enrugadas aparentemente tão inúteis, mas tão preciosas. Nunca entenderei o tempo, nem ele a mim, porque seria sempre um dia soalheiro de inverno.
Queria parar as lágrimas, porque não faz sentido chorar, mas sempre foram a melhor cura para a minha alma. É uma tristeza momentânea e pressentida, por esse sétimo sentido tão pouco feminino, mas tão certeiro. Não quero entender o mundo, nem que ele me entenda, não seríamos felizes, nem ele nem eu.
Crecí (y estoy harta)

Todo lo inoportuno resbala en mi indiferencia insensible, como la lluvia lo hacia en el chubasquero infantil que usé durante años, y un egoísmo defensivo crece en mí ser, como las plantas dulcemente cultivadas en las macetas del balcón de la yaya. La vida me sonríe a cada instante, como en los recuerdos de cada regreso inesperado, adornados por el musgo de Navidad.
Y menos mal que es así.
Mis lágrimas no volverán a resbalar con indiferencia, en insensibilidades ajenas vestidas como chubasqueros, y cultivadas por egoístas en balcones iluminados por macetas, que sonríen recordando regresos esperados, que adornan con musgo de Navidad.

23 outubro, 2006

Peço desculpa (e da próxima vez levo flores – que não vou ganhar para elas!)

Ainda não entendi muito bem se o meu atraso sistemático – que raramente não excede a meia hora – e ao qual eu já baptizei de biológico, terá ou não a ver com uma ânsia escondida de viver (anjinho pousado no meu ombro direito) ou simplesmente com uma desorganização crónica da minha vida (diabinho pousado no meu ombro esquerdo). O que é certo, é que ele existe e eu não consigo dar-lhe uma solução. Porque quando não é trabalho, é visita inesperada; e quando não é nem trabalho nem visita inesperada, é telefonema de última hora; e quando não é nem trabalho, nem visita inesperada, nem telefonema de última hora, é trânsito; e quando não é trabalho, nem visita inesperada, nem telefonema de última hora, nem trânsito é outra qualquer coisa, ou várias delas, que surgiram a esta Uma vida qualquer. O que é certo, é que há sempre alguém à espera, e alguém algum dia se cansará de esperar, e com toda a razão.

20 outubro, 2006

Provenho de um ventre em forma de coração com um riso estridente que clama alegria.

Nasci num país europeu de primeiro mundo que não deveria existir, apenas porque implica a existência dos outros. Cresci no seio duma família que julguei perfeita durante anos, apenas pelos seus cuidados e pela minha infantil ingenuidade. Descobri novos horizontes nunca antes sonhados, porque me ensinaram a pensar antes de julgar. Escolhi viver cada novo dia como ele é, apenas pela liberdade que me proporcionaram.
Sinto-me abençoada, pela vida e por Ele, porque olhando à minha volta e vivendo a minha vida, não quereria outra.

19 outubro, 2006

Viver

Nunca esqueci as suas palavras: “adoro viver”. Ecoaram durante meia vida e toda uma adolescência num recanto de mim, enquanto tentava repeti-las pensando em voz alta e elas teimavam emudecer. Com o passar do tempo guardei-as numa das gavetas do meu armário secreto, aquele que contém os meus mais preciosos tesouros. E ali permaneceram.
Só necessitaram passar dois dias para sentir-lhe a falta, aquele riso estridente, que tantas vezes julguei me incomodar arrepiando a minha sensibilidade até à irritação, não se ouvia. E então entendi-o, procurei-o onde sabia se encontrava e pedi-lhe para voltar. Confessei-lhe que tinha saudades, que não sabia viver sem ele.
Sem saber como, quando ou porquê, um sorriso mágico apareceu pendurado num cabide do armário, era o meu. Revirei então todo o seu conteúdo buscando aquelas palavras, estavam na gaveta onde as guardara, sussurrei-as amedrontada e pareceu-me ouvi-las, e enquanto o mágico sorriso me vestia os lábios, gritei-as.

18 outubro, 2006

O que não se disse

E quando a porta se fechou atrás dele, um vazio invadiu-me.
Já estava assumido o distanciamento, ele mesmo o confirmou com tristeza e uma aparente resignação, da qual se sabe também responsável – sobram as trémulas justificações. As
conversas, avivaram-me uma memória adormecida pelo decurso da vida, fizeram-me sorrir.
E quando a porta se fechou atrás dele, já tinha saudades.
O meu sorriso

faz-me sentir algo assim

Broadcast Yourself LIVE

17 outubro, 2006

Mau contacto

Apesar de tudo, e da ponderação que proclamo, algumas vezes o cérebro – na hora da siesta do Tico e do Teco – liga directamente à boca, e claro, depois sai o que sai, e que não devia sair. Pior que isso, é quando o cérebro faz ligação directa aos dedos. Nesses casos a cara de arrependimento não é visível quando se relê o escrito, e depois, nunca sei muito bem como desligar o motor, de forma a poder pôr a chave na ignição.

16 outubro, 2006

Amizades incómodas

Não entendo a perspectiva que algumas – ou a maioria, a saber – das pessoas tem, sobre a amizade entre homens e mulheres. Não percebo a dificuldade em aceita-la, em compreende-la e principalmente em vive-la, quando se assumem relações que ultrapassam esse conceito.

Não quero acreditar, que alguma vez a minha percepção sobre o assunto se possa alterar, mas suponho que o tempo o dirá, como sempre. Claro que em certa medida, é fácil para quem não tem contas a prestar, assumir qualquer gesto de carinho perante o mundo, seja de quem for. Talvez por isso tenha aprendido a entender porquê algumas situações, apesar da sua inocência, têm que ser escondidas de certos olhos. Mas verdade é também, que muitas vezes se pretende compreensão, quando não se está disposto a oferece-la.
Que mal poderá haver numa conversa de mãos dadas, num abraço mais apertado, num gracejo mais ousado, num ombro encostado? O ciúme mais não é, que o medo de perder um lugar, esse que está sempre reservado.
E talvez, mas só talvez, as pessoas não sejam capazes de aceita-la e compreende-la, porque nunca a viveram.

13 outubro, 2006

Ai! Casanova

O sapo volta a tentar transformar-se em Príncipe, ou eu reinvento a peripécia.
Às vezes, deveríamos ter a humildade e o bom senso de não ler para além do que está escrito.

12 outubro, 2006

Não somos nada

Pensamos que controlamos o mundo, e no entanto, nunca sabemos se é o nosso derradeiro dia nele. Não sou apologista de viver todos os dias como se fossem o último, simplesmente porque não seria capaz. Todas as minhas decisões são precedidas de uma análise lógica das consequências que advirão, mas talvez, também por isso, as minhas emoções são tão intensas e efémeras. Alguém me disse há pouco que não entendia porque os meus jantares – aquelas reuniões de pessoas que já só eu promovo – tinham que ser sempre com uma multidão; descobri o porquê: para aproveitar o momento de estar com elas, talvez pela última vez.
O pior dia da minha vida teve como consolo a recordação de dos besos, un abrazo y un te quiero mucho.
Nem romântica, nem idealista

Detalhista, e no entanto, descurei pormenores. Essas pequenas minúcias que nos estampam a alegria no rosto quando nos dispomos a prepará-las, que nos enchem de felicidade quando sabemos aprecia-las, que relembrarei, porque estão guardadas junto com os seus autores, num recanto especial do meu ser.

11 outubro, 2006

Castelo de areia

É uma miúda bonita, por dentro e por fora, está sentada na areia, não está sozinha, mas está triste e não quer. Recorda outros dias, quando era uma princesa no seu Castelo de Areia. Construí-o com paciência, dedicação, carinho, grão a grão, mas esqueceu-se do mar. E um dia ele o levou, deixando apenas ruínas. Desde então ela o recorda, relembra os sonhos que lá escondia, como se também as ondas lhos tivessem roubado.
A praia é extensa e ela está perdida. Já recomeçou o seu castelo, mas nada lhe parece igual. É uma miúda bonita, por dentro e por fora, está sentada na areia, não está sozinha, mas está triste e não quer.

09 outubro, 2006

Desculpa, não deveria ter sido assim

Partilhei contigo o meu primeiro beijo e a recompensa. Soubeste ao meu tempo da ida para Beja, num regresso cheio de ânimos. Trocamos cartas meses a fio, escrevendo o que conversaríamos no fim-de-semana. Desvendei-te em primeira-mão o adeus a uma virgindade guardada sem pudores. Acompanhas-te o meu primeiro emprego e a descoberta desse mundo cruel. Viajamos juntas a destinos escolhidos em consenso. Consolaste a minha alma no dia que conheceste a minha casa e chorei lágrimas de arrependimento.
Caminhas a meu lado com um sorriso nos lábios e um lenço na mão, e neste momento, preciso deles. Hoje, fui eu que guardei o entreabrir de lábios, numa caixa com tampa.
Estiveste sempre
aqui, porque não poderia ser de outra forma.
Desculpa, não deverias ter sabido assim.

08 outubro, 2006

A que me doy?!

Mi cerebro está en plena ebullición, si continua no tardará en estallar.
Estoy capaz de empezar a impartir bofetadas en una punta de mi vida y acabar en la otra. Al final, quien se ha llevado mi sonrisa sin pedir permiso?

07 outubro, 2006

Dúvidas

E do outro lado da linha ouvia-se: “Ma****n, Ma****n, Ma****n” (que aqui, não se faz publicidade a empresas, por muito boas que sejam). E mais um convite recusado.
Num desses jantares combinados a última hora da tarde, comentava-lhes que gostaria de ter acesso a outra dimensão. Uma que me permitisse avaliar-me através da comparação. Onde pudesse ver, o que teria feito outra qualquer vida se tivesse ocupado o meu cargo, vestido a camisola da empresa que trago tão agarrado ao meu corpo, que já se confunde com ele. Porque no fundo, não quero aceitar, não quero acreditar, nem sequer pensar que possa ser incompetência, mas, não haveria outra forma? não acontecerá o mesmo em todo o sitio? os imprevistos não nos alcançam a todos? Repito há muito tempo, que aqui vive-se num microclima muito especial, como se pudéssemos ser o berço da Lei de Murphy. Mas não será apenas a justificação graciosa, que a minha alma quer dar ao bom senso, para não destruir-lhe a auto-estima? O tempo o dirá.

06 outubro, 2006

Voltei

- Onde estudaste? – perguntou-me;
- Em Beja – respondi prontamente.
E voltei a outro tempo, a esse tempo.
E recordei momentos, pessoas, conversas, sorrisos, lágrimas e lembrei-me de mim, como era.
E tive saudades da descoberta, da inconsciência, do despertar, dos copos, dos amigos, desse tempo de crescimento que me tornou no que sou.

05 outubro, 2006

Seria perfeito

Não entendo muito bem esse instinto maternal que as mulheres nutrem pelos maridos, companheiros, namorados ou como se quiser chamar, ao tipo com quem compartem cama e casa. Mas gostava de ter um assim ao meu lado – assim com esse instinto maternal, entenda-se –, que me lembrasse que tenho consulta marcada no dentista, que deveria ir ver porquê o meu joelho direito está sempre inchado, que seria conveniente que fechasse as portas do roupeiro, que para ter a casa arrumada ajudaria que não largasse em qualquer sítio a roupa, que me levasse os fatos à lavandaria e tivesse o jantar preparado à minha indecente hora de chegada, que desabrochasse um orgulho bonito ao dizer: “mas ela ajuda-me, a minha Uma vida qualquer, lava a loiça e arruma a mesa quando acabamos de jantar, e nalguns fins-de-semana, até põe a casa de banho a brilhar!”.
Não entendo muito bem essa dificuldade que os homens têm em ser amigos das mulheres, companheiras, namoradas ou como se quiser chamar, à tipa com quem compartem cama e casa. E não gostaria de ter um assim ao meu lado, porque conforme um leito se põe por meio de uma relação – e não propriamente para fazer uma siesta, que é a sua segunda melhor utilidade – um qualquer bloqueio atinge os cérebros masculinos, e a utilização do órgão expositor da sua virilidade parece incompatível com a da sua tão apreciada amizade. Logo vão aparecendo: esses eternos e incómodos silêncios, que antes eram preenchidos por longas e reconfortantes conversas sobre tudo e sobre nada; as reclamações dos defeitos que sempre existiram, mas que outrora eram vistos como simples apanágios da personalidade feminina e essa capacidade inigualável de tentar ajustar as formas para não ferir a amiga insubstituível, desaparece velozmente atrás de uma qualquer loira bebível ou de algum rabo de saias.
Não entendo muito bem essa dificuldade que as relações têm em manter a chama acesa, a paixão, a surpresa, no fundo, aquilo que toda a gente se queixa, desaparece com o passar dos dias, com o avançar do tempo. Necessito que alguém me explique, porquê se deixa a rotina tomar conta da vida, os hábitos da rotina e nós dos hábitos e assim terminamos encadeados aos hábitos da rotina da nossa vida. Necessito que me respondam se com o passar do tempo a luz do sol será opaca, se a escada da lua será rolante e deixará de funcionar, se o vento não voltará a soprar. Porque deveria ser proibido viver assim, sem vontade de sorrir.

04 outubro, 2006

Assustada

Numa busca desesperada da motivação perdida,
encontrei-te.
Não, casualmente, me encontraste.
Sem querer deixei-te entrar no meu mundo,
aquele que há muito existia só para mi.
Sem perceber que os conselhos sensatos,
as soluções metódicas
e os avisos cautelosos não eram apenas para ti,
ajudaste-me a atender o que estava a mudar.
E apesar da consciência do que pode supor,
e mais uma vez inspirada por quem me devolveu à escrita,
não consigo já silenciar as palavras…
Penso em ti mais do que gostaria,
não suporto a espera,
esse interminável tempo em que não estás,
e queria que estivesses.
O meu coração acelera incontrolavelmente as palpitações,
sempre que chegas nos momentos em que aguardo,
e entristece-me a alma se não o fazes.
Quando estás, mas não te mostras, maldigo-te!
porque sou uma criança caprichosa,
que não entende porque não lhe dás atenção.
Não percebo, porque não quero, porque não devo,
os teus “desculpa, mas ..”, “não queres ser mais uma visita?”,
e principalmente o que se tornou a nossa “pergunta do milhão”,
que tantas vezes te respondi, sem qualquer sucesso,
porque não me encaixam com,
“gosto muito de ti”, “és realmente especial”,
“és muito importante na minha vida”.
Estou cansada.
Não quero substituir a dúvida que tive,
- durante meses, durante anos -
numa luta desigual entre o coração e a razão,
nem mais um dia.
Não quero que estando com alguém,
por mais passageiro ou carnal que seja,
me apareças no pensamento,
porque não tens esse direito, eu não te o dei.
Não te conheço,
embora verdade seja dita,
tu menos a mi.
E pode até acontecer que chegado esse dia
- que antevejo não exista –
tudo se desvaneça no ar que nos oxigena.
Deixo-te decidir – privilegio que mais ninguém teve.
SBD 18.05.2006


Intitulei-o, tarefa fácil, a dia de hoje.
E leio, e esboço um sorriso triste.
E volto ao
início.
Deixou de chover, porque
há dias.

02 outubro, 2006

Sentimentos

Com o passar dos dias, tenho aprendido que pior que tentar entende-los é querer evitá-los. A solução é vive-los, um a um, todos ao mesmo tempo, como eles queiram, como apareçam, sem dramas nem comedias, sem dar-lhes mais importância que aquela que têm, porque senão, pensam que controlam a nossa vida. E no fundo, não passam de momentos, mais ou menos etéreos, mais ou menos efémeros, espaços de tempo que desaparecem para além da sua verdade.

Sentes o vento
Enrolando o meu corpo
Na noite escura?
Tenta aprisionar-me,
Inventa novas formas
Movendo-se com cuidado.
Encontrará quem
Num intenso momento,
Toldará a sua essência
Olvidando quem é.
Sentes o vento?