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31 março, 2008

Feliz cumpleaños

Besos, mi Amor

19 março, 2008

Vasculhar o lixo ou como o sétimo sentido se transforma em senso comum

Deveria chamar-se “20 años” ou “Tristeza primeira e tristeza segunda”, mas com tanto desaire, compromisso e decisão a tomar, afinal são as coisas mais pequenas e ridículas que necessitam ser perpetuadas; as outras terão o seu espaço intemporal na memória.
Ontem ao chegar a casa verifiquei que o tal que ao fumar mata, estava a chegar ao fim e que a reserva de marca imprópria que prejudica gravemente a saúde, apenas era opção. Baixei assim dos saltos altos e desempertiguei-me do casaco formal, para dar um pequeno passeio até o local de compra mais próximo levando comigo: telemóvel e chaves de casa, uma nota demasiado grande para a qual poderia não haver troco, as chaves do carro não fosse necessário encontrar loja alternativa e um saco grande de papel, com algum lixo de menos importância e que poderia e deveria ter sido separado para reciclagem. Desci as escadas dos três andares que me levam à porta de entrada e lembrei-me – coisa rara – de abrir a caixa do correio e esvaziá-la da inútil publicidade que a enche semanalmente e que foi direitinha para o saco que acabaria dentro do contentor de lixo impróprio. Sai, abri o dito depósito que se encontra mesmo em frente ao prédio e depositei calmamente o saco. Quando ia livrar o mundo do odor asqueroso que a falta de lavagem do recipiente emana, notei que me faltava a chave do veículo que como prevenção, tinha trazido a passear. Nesse instante recordei o cuidado que sempre me acompanhou na colocação dos sacos no contentor do lixo, passando os objectos que me deveriam continuar a acompanhar, para a mão que seguraria a tampa do contentor, isso me sussurrava sempre o sétimo. Tarde demais, a chave tinha caido lá dentro. Voltei a retirar o saco que acabava de lançar, iluminei o telemóvel e tentei vislumbrar o porta-chaves que me acompanha desde sempre. Pareceu-me vê-lo, mas não era clara a imagem e a garrafa de refrigerante com a fórmula mais cobiçada de sempre não me deixava confirmar as suspeitas. Estiquei-me para a tentar empurrar, mas nada feito, após teimosas tentativas. Dirigi-me então à praceta que se encontra na parte traseira do edifício e onde estão localizados os contentores de lixo para reciclagem, em busca de algum tipo de objecto que me permitisse não ter que mergulhar naquele fedorento contentor. Tudo limpo, para bem da paisagem urbanística e para mal dos meus pecados. Foi então que recordei notícias e comentários, da quantidade de pessoas que a dia de hoje e em suposta crise, recorrem ao reconhecimento do lixo alheio em busca de sustento; mais uma, ninguém estranhará! Pensei inclinar o verdinho, mas era demasiado grande e pesado para tal, continuei então teimosamente a esticar-me para tentar chegar, como criança que quer crescer desesperadamente para alcançar a prateleira das bolachas; tudo em vão. Foi chegado o desespero, que o Tico e o Teco reagiram mandando o meu corpo ir buscar uma bendita vassoura. Não foi fácil, o teimoso recipiente de plástico insistia em não dar o espaço necessário ao cabo, mas lá conseguimos entre as duas aparta-lo e recuperar a chave, graças a seu funcional transportador. Escusado será dizer, que após tal peripécia, até o comando do carro teve direito a massagem em quentes águas com aroma a leite de oliva!