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14 abril, 2014


A minha vida era tão diferente há …
Passei um fim-de-semana amorfa; entre o devo mas não me apetece, o cansaço acumulado de jornadas de trabalho de 16 horas e a luta constante que ultimamente a minha vida se tornou. Num misto de vou estupidificar a ver séries para esquecer que tenho um cérebro e o saudosismo estúpido de uma vida que não volta - porque os dias de sorriso alegre, mesmo com chuva miudinha, pendurada em carrinhos de compras, foram-se com a cor do cabelo que a genética teima esbranquiçar. Tentei ser útil a mim mesma, mas sem grande sucesso - nunca fui fã de aspiradores, nem ferros de engomar.
E nada como uma segunda-feira para que a vida nos dê uma bofetada de mão cheia e bem aberta.
Pediu desculpas demasiadas vezes, não eram necessárias, nem devidas, nem queridas sequer. As lágrimas caiam-lhe num misto de desespero, desabafo e desconforto. Senti-lhe a dor nas palavras e nos silêncios. Gostava de poder fazer mais do que apenas ouvir, gostava de poder dizer-lhe que tudo vai ficar bem, em vez de recordar-lhe que nunca estamos preparados, mesmo na certeza de que o dia chegará. Gostava, gostava de nunca mais ter que ouvir: “… a minha vida era tão diferente há …” com esse vazio no peito que sufoca e enche os olhos de lágrimas que doem, procurando um passado imperfeito que se transformou numa perfeita saudade.