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23 julho, 2013

Odeio 

Odeio a sensação de nó na garganta, de estômago reduzido ao tamanho de um feijão e de vazio no lugar do coração. Odeio não conseguir aguentar as lágrimas que me escorrem pela face, enquanto o porquê se instala novamente no meu cérebro. 
Odeio dias cinzentos. 
O exorcismo dura apenas o tempo de respirar fundo e limpar a cara. E o sol já brilha.

22 julho, 2013


Eu (ou a auto-análise de uma qualquer Vida expulsa de Marte)

E já tenho a minha dose de distâncias para esta vida e para a próxima, se existir. Que de mãe, de pai, de avós, de tios e primos direitos com os quais brincamos em criança e gostaríamos ter bebido uns copos sábado à noite em adultos, não se pode trocar, muito menos ignorar quando os amamos. E posto isto, parece-me a mim que os sentimentos por muito bonitos e nobres que sejam, aprendemos largamente a controla-los, até porque de pouco serve querer chorar no colo da mamã, por muito que ela gostasse também de simultaneamente nos passar a mão no cabelo, quando sabemos que não é possível, razão pela qual se aprende, umas vezes a chorar mesmo sem colo e outras a conter as lágrimas. E se isso fez de mim uma pessoa fria e distante, pois é o que há, até porque em última análise, quem vai ter que viver com isso sou eu, e eu, por enquanto, vivo bem assim. E sem traumas por favor, que fui uma criança muito feliz, uma adolescente muito complicada e sou uma mulher que continua a sorrir à vida, mesmo sabendo que esa puta, siempre va jodiendo.

18 julho, 2013





Gracias Mami,
nunca dejas de sorprenderme!


14 julho, 2013

A resposta à pergunta do milhão 

Cansei-me de ouvir a pergunta uma e outra vez, que há egos que não suportam fazer parte dos problemas e estão convencidos que são sempre a solução. E de tão repetida que foi, tomei-a como verdade, tentando desesperadamente encontrar uma resposta que me levasse à solução. Culpei-me vezes sem conta da angústia, da tristeza, do silêncio incómodo, das horas em claro, da frustração, das lágrimas, da solidão acompanhada, enquanto olhava a luz da rua que iluminava a árvore. 
E foi deixar-te atrás e descobrir o prazer dum corpo que toca outro, das mãos a acariciar-me a pele, dos beijos ofegantes de desejo, de pensar não e sentir sim, de ver desvanecerem-se as inseguranças e sentir-me contorcer querendo mais e mais e gemendo sem pudores em momentos de êxtase. Qual é o meu trauma? Eras tu.

10 julho, 2013


O amor (esse que dizem que faz pulular), cansa

Nunca me senti muito segura nos temas do amor (o que quer que isso seja). Olhando o passado, não consigo ainda entender se tomei decisões por amor, por amizade, por inexperiência, por um pouco de tudo ou por um muito de nada. Não que seja importante a dias de hoje, aprendi a minha lição, que afinal, é o que se pretende para não voltar a cair em erros crassos. Mas confesso que a curiosidade de saber se algum dia serei capaz de pulular, me persegue. Existe o fenómeno ou simplesmente não temos que ser todos iguais?
E olhando à distância, seria óbvio e descabido não pensar, que estava completamente enamorada, no entanto, analisando esse tempo e esse espaço, não recordo o saltitar, apenas as dúvidas, as cedências, um apagar continuo que me deixou translúcida e as culpas de um “trauma” que mais não era, que um problema a dois. O único momento que sempre relembrei com um sorriso nos lábios, foi o do primeiro beijo, e até esse consegui esquecer, no momento da desilusão, que mais que de amor, foi de amizade.
E olhando atrás, sei que não houve tempo nem espaço, e no entanto, senti-me mais num par de meses, que em meia dúzia de anos. Entendi o que outrora tinha sido um mistério, libertei-me de erros e dramas que nunca tinham existido, contorci-me de prazer e gritei, mesmo sem querer. 
Mas tudo são clichés. O sentimento sincero e fervoroso apenas correspondido por uma insensibilidade gélida; palavras, palavras, palavras e mais palavras, transformadas em conversas intermináveis e posteriormente em arquivo digital para recordar ou em diálogos de exaustão; as rosas vermelhas, apesar do aviso de não gostar de flores, que inevitavelmente causam desilusão a quem as oferece e a quem as recebe; e esse lirismo, que chega a ser enternecedor, mas que desaparece no momento exacto em que eu, sou eu.
Diz a senhora que me pariu, que me conhece melhor do que alguém alguma vez poderá sonhar, que tenho que deixar de buscar perfeitos, de ver defeitos. Parece que ela, em tempos, também foi assim. Confesso que para além das parecenças físicas, que são indiscutíveis, e dos defeitos que geneticamente passam de geração em geração, feminina, não consigo encontrar grande parecido, mas se ela diz que existe, quem sou eu para duvidar. Verdade seja dita e justiça lhe seja feita, os perfeitos e os defeitos são reais. E não é agradável descobrir sempre primeiro, o que nos incomoda.
Por uma vez, gostava de encontrar um desses Filhos-de-uma-mãe-menor, que só querem dar umas quecas; sem grandes perguntas nem complicadas respostas, sem quereres para além do prazer, sem as complicações várias que acompanham o tal nobre sentimento, o tão falado amor, que cansa.

09 julho, 2013


Confissões

Odeio magoar as pessoas que me importam. Aquelas que me fazem sorrir quando não quero, que me secam as lágrimas quando não sou capaz de as conter, que me ouvem mesmo que não queira falar, que se preocupam com os meus problemas como se fossem delas. As que me buscam para carpir as mágoas, para brindar festejos, para sussurrar segredos que se querem gritados, para partilhar a vida.

Odeio magoar as pessoas que me importam, porque as desculpas não se pedem, evitam-se. E a consciência, que é minha, não tem que ser um reflexo seu.