O amor (esse que dizem que faz pulular), cansa
Nunca me senti muito segura nos temas do
amor (o que quer que isso seja). Olhando o passado, não consigo ainda entender
se tomei decisões por amor, por amizade, por inexperiência, por um pouco de
tudo ou por um muito de nada. Não que seja importante a dias de hoje, aprendi a
minha lição, que afinal, é o que se pretende para não voltar a cair em erros
crassos. Mas confesso que a curiosidade de saber se algum dia serei capaz de pulular,
me persegue. Existe o fenómeno ou simplesmente não temos que ser todos iguais?
E olhando à distância, seria óbvio e
descabido não pensar, que estava completamente enamorada, no entanto,
analisando esse tempo e esse espaço, não recordo o saltitar, apenas as dúvidas,
as cedências, um apagar continuo que me deixou translúcida e as culpas de um
“trauma” que mais não era, que um problema a dois. O único momento que sempre relembrei
com um sorriso nos lábios, foi o do primeiro beijo, e até esse consegui
esquecer, no momento da desilusão, que mais que de amor, foi de amizade.
E olhando atrás, sei que não houve tempo
nem espaço, e no entanto, senti-me mais num par de meses, que em meia dúzia de
anos. Entendi o que outrora tinha sido um mistério, libertei-me de erros e
dramas que nunca tinham existido, contorci-me de prazer e gritei, mesmo sem
querer.
Mas tudo são clichés. O sentimento sincero
e fervoroso apenas correspondido por uma insensibilidade gélida; palavras,
palavras, palavras e mais palavras, transformadas em conversas intermináveis e
posteriormente em arquivo digital para recordar ou em diálogos de exaustão; as rosas
vermelhas, apesar do aviso de não gostar de flores, que inevitavelmente causam
desilusão a quem as oferece e a quem as recebe; e esse lirismo, que chega a ser
enternecedor, mas que desaparece no momento exacto em que eu, sou eu.
Diz a senhora que me pariu, que me conhece
melhor do que alguém alguma vez poderá sonhar, que tenho que deixar de buscar
perfeitos, de ver defeitos. Parece que ela, em tempos, também foi assim.
Confesso que para além das parecenças físicas, que são indiscutíveis, e dos
defeitos que geneticamente passam de geração em geração, feminina, não consigo
encontrar grande parecido, mas se ela diz que existe, quem sou eu para duvidar.
Verdade seja dita e justiça lhe seja feita, os perfeitos e os defeitos são
reais. E não é agradável descobrir sempre primeiro, o que nos incomoda.
Por uma vez, gostava de encontrar um desses
Filhos-de-uma-mãe-menor, que só querem dar umas quecas; sem grandes perguntas
nem complicadas respostas, sem quereres para além do prazer, sem as complicações
várias que acompanham o tal nobre sentimento, o tão falado amor, que cansa.
1 Comments:
das problemáticas pululantes
Do “cliché” em diante, Peter Pan acha que tem algo a escrever (quem diria):
Pois se te provocou cansaço, então talvez não tenhas estado assim tão longe de saber “o que quer que isso seja”. Ou tenha sido, digamos.
Mas pode apenas tratar-se de mais um pequeno ataque de lirismo, enternecedor e nada mais. Só tu saberás.
Palavras a mais, talvez. E no entanto, talvez não tenham sido suficientes. Ou as mais acertadas. Quer parecer-me que um dia saberemos.
O incidente da rosa vermelha foi um erro. E esse sim, foi crasso. E como já esgotei os pedidos de perdão dos próximos 34 anos, agora, resta-me ler-te a desilusão sem nada mais poder fazer. Aqui aprendi eu, a ouvir e não inventar demais.
E é provavelmente por isso que as mães tem sempre muita razão: a perfeição não passa de um vago conceito. E não é preciso ter aulas de filosofia nem mestrados em psicologia para o compreender muito bem.
Ter um espelho grande em casa, também ajuda bastante. Eu tenho, e por isso, quando quero buscar defeitos…penteio-me!
Nota de rodapé (porque só podes ser mesmo isso):
Se entretanto conhecer algum desses indivíduos, eventualmente interessado nesse teu emocionante “projecto anti emoção”, posso dar-te o seu contacto. Qualquer preferência relativa a aspectos técnicos, como tamanho, aspecto, peso, ganadaria, etc., é só informares.
E por fim, parece-me que “a pululante problemática” é uma criação tua:
Nunca ouvi dizer que era um problema, que era obrigatório, nem sequer que implicava movimentos ascendentes dos membros inferiores.
Passa-se tudo nas nossas cabeças, ou corações, como gostamos de imaginar. Ou pelo menos é assim, no mundo imaginário de Peter Pan.
Se fosse a ti, não me preocupava muito mais com o “fenómeno”, pois, quando acontecer, e se acontecer, saberás, não duvides!
E não é tão difícil ocorrer como pode parecer: basta querer e agarrar uns fios de certos balões, e conseguirmos não nos preocuparmos se vamos conseguir regressar á terra ou não! (Lá está, ninguém se pode “sentir seguro” em temas de amor. Ou se ama, ou se veste armadura dia e noite).
Mas um dia, se quiseres, explico-te melhor, quando estiveres menos cansada. Prometo falar menos.
Um beijo.
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