>

27 fevereiro, 2007

Reencontros

Foi outra vida, de dias cinzentos,
adornados por nuvens tormentosas
que invadiam esses mundos
de instabilidades perdidas.
Foi outra vida, de pequenas descobertas
guardadas numa caixa de cartão
entre pedaços de papel e fotografias,
para abrir em dias de nostalgia.
Foi outra vida, de irresponsabilidade assumida,
entre copos, livros, gargalhadas, discussões;
deixando passar noites e dias
mas sabendo que o final chegaria.
Foi outra vida, de intensas dúvidas
que o tempo se encarregaria de dissipar,
de ilusões, de sonhos, de eternidades
foi outra vida, de momentos que enfrentar.
Foi outra vida que passou
deixando seu rasto intenso,
marcando cada momento
entre o que queria, e o que sou.

26 fevereiro, 2007

Sabor amargo

E no final, sempre regressa
esse amargo sabor a falta.
Porque falta-me o tempo,
para sentar-me ao teu lado
e perguntar como estás,
e recordar outros tempos
e viver o momento
e partilhar os anseios de novos dias,
que chegarão.
Porque faltas-me tu,
que não estás à distância do desejo
dos quilómetros a percorrer,
das memorias a avivar,
do beijo ternamente regalado
que tanta falta me faz.
Porque falta-me o ar,
para respirar a liberdade sonhada
não importando mais nada,
para romper esse nó
que impõe decisões
além de um querer que me pertence.

23 fevereiro, 2007

Hoy y sempre
(para todos vocês, e obrigada por fazerem parte da minha vida)


Por tenerme - que hay decisiones dificiles de tomar - por el cariño, la protección, una educación de la que me orgullo, los desayunos con zumo naranja, los esfuerzos, el coraje, las fiestas de cumpleaños, las privaciones, los paseos en el parque, los consejos, la amistad, la semanada, el beso al llegar a casa, tu silencio, el escucharme, por compartir, prestarme el coche, nuestras discusiones interminables; por el bocadillo de la merienda, el duro todas las tardes, por enseñarme a bailar, por hacerme comer la sopa, por regañarme, por tus abrazos, por el vestido para el domingo, por mimarme, por ser mi yaya, por ser mi yayo, por ser mama y papa, por dar a quien hace falta, por enseñarme lo que es importante; por las monas de pascua, por consolarme, por los regalos, por la ternura, por enseñarme a aceptar el llorar, por tu regazo, por mis primos, por llevarme a salir, por hacerme sentir mayor, por contarme tus cosas, por tu risa contagiante, por la cocinita que no te partí, por ser mi hermana mayor, por emocionarte, por quererme igual a ti; por ser diferente, por las tonterías, por los besos dados de espalda, por no hacerme caso, por ayudarme si te lo pido, por confiar, por pedirme cuando lo necesitas, por mi sobrina; por compartir a adolescência, pelas noites no parque, pelas desilusões, pelos namoricos adolescentes, pelos risinhos parvos, pelas idas a pé até à praia, pelo afilhado, por confiar-me segredos, por partilhar as tristezas e compartir a felicidade, pelas férias ao sol e à chuva, pelas discussões, pelos devaneios, pela preocupação, pelas espectativas, pelos copos, pelos brindes, pelas poucas horas de estudo, pelas ressacas, pelas surpresas, pelos empréstimos para as farras, por gozar com a Republica, por chamar-me Espanhola, por ensinar-me a sorrir, pelas boleias, por crescer ao meu lado, pelos concertos a que fomos juntos, por convidar-me para madrinha, pelos fechos de contas, por ser padrinho, pelos jantares, pelos almoços, pelo vinho tinto, pelas quebras de tensão, pelo meu quarto, por levar-me a casa, pelos comentários sublimes e o entusiasmo com as palavras, pela música, pelas letras, por aguentar-me os excessos e os defeitos, gracias.
Gracias por quererme y dejar que te quiera.

22 fevereiro, 2007

Eu

Não estava nem era;
um reflexo translúcido e escuro,
deambulando por uma noite quente
de fitas coloridas e roupas arrojadas,
de música animada e foliões.
Não estava nem era;
uma sombra triste e nostálgica
buscando um prazer perdido
entre cabelos, roupas e unhas,
entre um serei, um fui e não sou.
Não estava nem era;
uma alma errante e opaca,
querendo encontrar um sentido
com um ar pensativo e distante
de tempo não perdido, que já foi.

16 fevereiro, 2007

Monstro

Não entendo porque continuo a alimentar o que me habita, que não engorda nem cresce, que não existe, que nego mas segue ali.

14 fevereiro, 2007

Dia dos (E)namorados

Pelo sol e as nuvens brancas, pela tristeza, pelos beijos que o vento leva, pelos sorrisos bonitos, pelas lágrimas que caem como a chuva numa tarde de tormenta, pelo azul do mar, pela nostalgia, pelo reflexo da lua, pelas saudades, pelas rosas vermelhas, por emoções, pelo céu cinzento, pela vontade de gritar, pela indiferença, por querer saltar, pela música, por pessoas bonitas, pelo silêncio inaudível, pela mediocridade, pelas noites à lareira, pela brisa de inverno, pelo aconchego do lar, pela felicidade, por passeios intermináveis, por devaneios insondáveis, por ti, por mim, pela vida.

13 fevereiro, 2007

Tristeza

Essa maldita que aparece disfarçada,
de saudade com um misto de apatia;
outros tempos que queremos e não voltam,
sentimento que regressa ao fim do dia.
E dos lábios afugenta o belo riso
e o brilho de o olhar, já o ofuscou;
e os dias amanhecem mais nublados
entre rostos pintados, num só tom.
E dos intentos com sorrisos prolongados
e com luzes que iluminam outras vistas;
mais não emergem, que cálidos momentos
de monocórdicas e breves melodias.
Para o baile repetido e incessante
um vestido sumptuoso é envergado;
nessa dança de passo amargurado,
uma vida que não pára, um instante.

09 fevereiro, 2007

É tempo

O dia começa cedo, ainda noite, mesmo em jornadas não encerradas, que o transformam em semana. Tem um sabor amargo, que o decorrer das horas vai adoçando com pequenas vitórias, fruto apenas de ilusões, que impelem a continuar. A sua cor fugaz, indefinida, mais não é do que um reflexo, impossível de alcançar. E passam minutos que se convertem nas doces horas, e corro atrás dele, como numa maratona que sei perdida desde a partida. É tempo. É o meu tempo; desalinhado, inconformado, desarrumado, emergido no caos que teima em não buscar a saída, por sabe-la perto, mesmo sem estar.

05 fevereiro, 2007

Mais um pobre corpo que deambulará sem alma

Descobri o verdadeiro conceito de cansaço, continuamente reclamado e sempre por mim ignorado, mais uma vez, fui a última a entender.
O corpo não queria responder, a cabeça limita-se a doer, o consciente quis adormecer e a lucidez apenas esperou enquanto o orgulho a prendia. Por momentos pensei desfalecer, ir além, talvez a embriaguez o tenha impedido. Caminhei sonâmbula, adormeci exausta, e acordei num novo dia, com a frescura do orvalho matinal.

02 fevereiro, 2007

Infinito

A calma retorna ao mar
após momentos de bravura no infinito,
o dia está de um branco acinzentado,
que oculta o seu brilho original
e o vento, se transforma numa brisa fria.
No horizonte se vislumbra já a linha,
que trará um céu azul tranquilidade
acalentado pelo sol, cor de esperança,
amenizado, por uma fresca aragem;
ou talvez envie, essa maldita,
uma coberta cinzenta de vaidade,
gritando raios, trovejando nervos
chovendo dissabores que o vento,
parece não querer levar.