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04 outubro, 2006

Assustada

Numa busca desesperada da motivação perdida,
encontrei-te.
Não, casualmente, me encontraste.
Sem querer deixei-te entrar no meu mundo,
aquele que há muito existia só para mi.
Sem perceber que os conselhos sensatos,
as soluções metódicas
e os avisos cautelosos não eram apenas para ti,
ajudaste-me a atender o que estava a mudar.
E apesar da consciência do que pode supor,
e mais uma vez inspirada por quem me devolveu à escrita,
não consigo já silenciar as palavras…
Penso em ti mais do que gostaria,
não suporto a espera,
esse interminável tempo em que não estás,
e queria que estivesses.
O meu coração acelera incontrolavelmente as palpitações,
sempre que chegas nos momentos em que aguardo,
e entristece-me a alma se não o fazes.
Quando estás, mas não te mostras, maldigo-te!
porque sou uma criança caprichosa,
que não entende porque não lhe dás atenção.
Não percebo, porque não quero, porque não devo,
os teus “desculpa, mas ..”, “não queres ser mais uma visita?”,
e principalmente o que se tornou a nossa “pergunta do milhão”,
que tantas vezes te respondi, sem qualquer sucesso,
porque não me encaixam com,
“gosto muito de ti”, “és realmente especial”,
“és muito importante na minha vida”.
Estou cansada.
Não quero substituir a dúvida que tive,
- durante meses, durante anos -
numa luta desigual entre o coração e a razão,
nem mais um dia.
Não quero que estando com alguém,
por mais passageiro ou carnal que seja,
me apareças no pensamento,
porque não tens esse direito, eu não te o dei.
Não te conheço,
embora verdade seja dita,
tu menos a mi.
E pode até acontecer que chegado esse dia
- que antevejo não exista –
tudo se desvaneça no ar que nos oxigena.
Deixo-te decidir – privilegio que mais ninguém teve.
SBD 18.05.2006


Intitulei-o, tarefa fácil, a dia de hoje.
E leio, e esboço um sorriso triste.
E volto ao
início.
Deixou de chover, porque
há dias.

2 Comments:

Blogger Ana retalha...

Às vezes, dar um título é o mais difícil...
Eu que o diga, ainda me lembro de quando me «davas na cabeça» por causa dos títulos que eu não queria dar :-)
Este parece-me um desses casos.
É preciso muita coragem para assumirmos fragilidades.

06 outubro, 2006 18:03  
Blogger Uma vida qualquer retalha...

Mais que coragem, o que é preciso é ter consciência - essa que às vezes leva o seu tempo a chegar.

06 outubro, 2006 20:29  

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