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16 outubro, 2006

Amizades incómodas

Não entendo a perspectiva que algumas – ou a maioria, a saber – das pessoas tem, sobre a amizade entre homens e mulheres. Não percebo a dificuldade em aceita-la, em compreende-la e principalmente em vive-la, quando se assumem relações que ultrapassam esse conceito.

Não quero acreditar, que alguma vez a minha percepção sobre o assunto se possa alterar, mas suponho que o tempo o dirá, como sempre. Claro que em certa medida, é fácil para quem não tem contas a prestar, assumir qualquer gesto de carinho perante o mundo, seja de quem for. Talvez por isso tenha aprendido a entender porquê algumas situações, apesar da sua inocência, têm que ser escondidas de certos olhos. Mas verdade é também, que muitas vezes se pretende compreensão, quando não se está disposto a oferece-la.
Que mal poderá haver numa conversa de mãos dadas, num abraço mais apertado, num gracejo mais ousado, num ombro encostado? O ciúme mais não é, que o medo de perder um lugar, esse que está sempre reservado.
E talvez, mas só talvez, as pessoas não sejam capazes de aceita-la e compreende-la, porque nunca a viveram.

7 Comments:

Blogger Ana retalha...

...talvez seja reflexo de uma imaturidade emocional que em muitos casos, infelizmente, dura até à morte...
porque muitas pessoas nunca chegam a amadurecer emocionalmente e vivem toda a sua vida presas a uma insegurança que só traz tristeza e/ou infelicidade à sua vida, à pessoa com quem a partilham e a todas as outras que tenham o azar de assumir o papel que serve de desculpa a uma raiva que mais não é senão, precisamente, esse medo de perder o tal lugar especial, lugar que nunca será posto em causa por uma genuína amizade.
Mas... e fazê-las entender isso???
Mais curioso ainda: então e quando alguém sempre te aceitou muito bem como amiga do seu parceiro e de repente, porque passaste de casada a divorciada, usa e abusa de uma ciumeira que corta completamente o espaço para a amizade???
Que fazer?
Bom, no meu caso, optei por me afastar silenciosamente, que já me bastam as guerras que tenho mesmo de travar...

17 outubro, 2006 12:50  
Blogger Uma vida qualquer retalha...

Há coisas que nunca vou entender, espero - e se entender, internem-me.

17 outubro, 2006 14:58  
Blogger Cravo a Canela retalha...

Creio que quem ama tem que estar disposto a aceitar que o outro tem sempre a possibilidade e o direito de, em qualquer momento, deixar de corresponder. E os ciúmes muitas vezes não são mais que o contrariar dessa ideia, o medo que as pessoas têm de apenas colocar essa hipótese, quanto mais admiti-la. No fundo tem a ver também com a ideia do "amar em liberdade", ou seja, amar no pressuposto que a outra pessoa é livre e que só tem sentido que esse amor seja manifestado por vontade e desejo próprio e não porque se tem um compromisso, se acredita no amor eterno ou se vive numa sociedade em que o homem não deve desunir o que Deus abençoou. Claro que existem aqui muitas variáveis e muitas fronteiras difíceis de definir, muitos "ses". De qualquer forma, aqui fica esta achega...

17 outubro, 2006 17:21  
Blogger Uma vida qualquer retalha...

Essa achega a mim lembra-me o "lutar pelo amor", que é um conceito que também não entendo e espero não entender nunca.

17 outubro, 2006 19:06  
Blogger Cravo a Canela retalha...

Por acaso não tem nada a ver. Também não sou apologista do "lutar pelo amor", que me parece um daqueles conceitos "made in" telenovela.

18 outubro, 2006 11:51  
Blogger Uma vida qualquer retalha...

Para mim tem tudo a ver exactamente com essa falta de entendimento do "amar em liberdade". Quanto ao conceito ser "made in" telenovela, digamos que ainda não se sonhava sequer com o cinema mudo.

18 outubro, 2006 13:40  
Blogger Cravo a Canela retalha...

Ah, assim já concordo...

18 outubro, 2006 14:31  

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