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16 julho, 2007

Gato escaldado, é devido

Perdida num emaranho já habitual de análises infrutíferas, ruminava o ditado, concluindo que de felina não tinha nem o tamanho das unhas e que a bem da verdade, nunca me tinha realmente escaldado, portanto, acabava de ganhar mais um mistério insondável do meu ser – nada de novo – quando me lembrei dele. Não sei porque me apareceu no pensamento, mas lá estava. Era um tipo calado, que tinha conhecido há catorze anos enquanto ocupava um tempo de espera que me levaria a Beja. Foram doze meses um dia após ou outro, a compartir um espaço de trabalho novo para mim e habitual para ele. Os sorrisos chegaram com o tempo, ao igual que uma confiança tímida que me prometeu uma viagem jamais realizada, porque a vida não deixou. Aprendi com a sua morte, como com todas. E talvez siga esperando esse dia soleado em que me levará a dar uma volta na sua mota, como prometeu.