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07 setembro, 2006

Beleza perfeita

A minha incapacidade em entender que nem todo ser vivo pode ser independente – o meu cérebro às vezes volta ao “faz de conta”, e imagino o Tico a explicar ao Teco: “foi hidratar-se à fonte, após demorado banho de sol, proporcionado pela fresta com vista ao Tejo” – acaba invariavelmente, com as flores a emurchecer. Nesse momento assalta-me a lembrança, de que podia ao menos tê-las amassado entre as folhas de um qualquer livro bem pesado, e assim, teriam terminado os dias com alguma dignidade – para mim, é claro, que as flores não sofrem dessas tontearias.
Sem querer - porque as minhas capacidades manuais são tão duvidosas, como a aptidão poliglota do presidente das terras de ninguém - deixei a rosa vermelha, ternamente oferecida, dentro da improvisada jarra emprestada, sem direito a mudança de agua e alimentada a energia artificial, durante dias. E ela, determinada a não perder a sua beleza, decidiu abolorecer apenas o talo molhado, e secar a sua perfeição para deleite dos meus olhos, que agora, não se cansam de a admirar.

6 Comments:

Blogger zmsantos retalha...

É por demais sabido que a ternura, quase sempre, faz milagres.O da rosa, neste caso, para mim tem explicação racional.Pela sua soberba, a flôr, na presença de outra beleza, recusa-se a definhar.

Beijos

07 setembro, 2006 16:51  
Blogger Ana retalha...

Concordo plenamente, mas acrescento a solução do mistério: essa era a rosa que o Principezinho tanto mimava antes de rumar à Terra e que, farta de estar só, veio atrás do dono que tanto se preocupava com as suas tosses, fruto de pura hipocondria.
Mas, quando cá chegou, já ele tinha partido (o que eu chorei nessa parte do livro) e por isso, foi ter com... uma Princesa.
Só que esta não lhe proporcionava os confortos do anterior detentor do botão escarlate... mas ela, que sempre se orgulhou e gabou de ser única no Universo, tamanha a sua beleza, não se deixou definhar como uma vulgar rosa terrena.
E assim, acabou por ensinar a lição de que a beleza sobrevive à juventude e, por vezes, até à própria morte.

07 setembro, 2006 18:13  
Blogger Ana retalha...

Ah, já agora, o lado cusco: quem é que ofereceu esse símbolo de paixão? Um Príncipe?... ou um Sapo? :-)

07 setembro, 2006 18:18  
Blogger zmsantos retalha...

Ana, Sapo ou Príncipe, o que importa? A nossa Mantinha está tão ternurenta...
E se foi um Sapo, depressa se transformará em Príncipe!

08 setembro, 2006 14:38  
Blogger Uma vida qualquer retalha...

Ana, não sejas curiosa.
, obrigada. Quanto a Sapos que se tranformam em Principes, dizer-te que há alguns que nunca passam de batráquios, mas talvez seja por não encontrarem a Princesa.

08 setembro, 2006 16:04  
Blogger Ana retalha...

Verdade, Zé, mas a nossa mantinha é sempre ternurenta, só que tb é bipolar, com os lados «gajo» e «gaja» em luta constante pela supremacia... (não me batas que eu estou a brincar, mantinha linda do meu coração :-))

08 setembro, 2006 16:27  

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