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01 junho, 2006

Quando

Quando pensamos que seríamos incapazes – porque acreditamos piamente no sentimento melhoramigodomundoearredores – de ferir, incomodar, incluso chatear momentaneamente para além do desejado, alguém que é deveras importante para nós, descobrimos que continuamos a ter, e cada vez mais requintada, a capacidade de o fazer de forma tão inconsciente como cruel (claro que a utilização do plural é apenas um forma de escamotear o sentimento de culpa, escusado será dizer!).
Quando pensamos que ficou algures entre a nossa infância e adolescência (sim, esse período em que de facto nos deveriam ter empurrado para dentro de um armário e deitado a chave fora – ai mamá, esse hábito de nunca fechar nada à chave … !) o dissecar as atitudes irreflectidas e inexplicáveis (nos tempos mortos em que não estávamos numa depressão existencial, a tentar descobrir porque o mundo teimava em girar para a direita quando na realidade o deveria fazer para a esquerda - porque quer ele pôr do avesso a nossa vida?!) cujo único propósito, parecia ser apenas acrescentar mais dúvidas à já nossa débil nobreza de sentimentos, descobrimos que afinal … (redobrar de tambores) … há coisas que não mudam, pelo menos tanto quanto pensávamos ou quanto queríamos.
Quando pensamos, no fundo não pensamos no que devíamos … se o fizéssemos deixaríamos de repisar as perguntas (espero que seja capaz de desculpar-me a ironia do titulo…), de hesitar nas conversas, de silenciar as dúvidas, de lacerar as pessoas que realmente nos importam … Quando deixar de usar esta palavra, tudo correrá melhor!

SBD 17.03.2006


Quando deixar de acreditar que sou dona da verdade absoluta, talvez consiga ser melhor amiga e aliviar o sofrimento a quem me apela.