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30 maio, 2006



Flores


Não sendo grande apreciadora da espécie, o facto é que nunca esquecerei a primeira vez que recebi uma. Verdade seja dita, apesar de tudo o “romântica e idealista” talvez não esteja assim tão longe da verdade – sempre e quando seja o coração a falar, o que é raro. Tenho gravado o momento, como guardamos todos os instantes importantes, com a lembrança das sensações – e é que nunca contamos o que aconteceu, apenas a nossa percepção dos factos.
Paris, mas propriamente Pigalle, a Páscoa de 93 – bonita idade a da maioridade! - de mão dada com alguém que recordo mas cujo nome esqueci há muito tempo (rebusco mas não o encontro), num passeio nocturno onde a abordagem incessante dos charlatães dos diversos estabelecimentos menos recomendados, nos faziam tentar fugir deles como o diabo da cruz. Paramos repentinamente e apenas uma fracção de segundo... quando me voltei para tentar entender o que se passava – não queria eu acreditar, que algum daqueles farsantes tivesse encontrado a palavra certa para despertar o interesse do meu acompanhante – deparei com uma rosa vermelha, frente a um rosto contagiantemente sorridente … nunca esquecerei aquela viagem, nem aquele momento, nem a ele … mas acho que jamais voltarei a recordar o seu nome.