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25 maio, 2006

Olhos nos olhos

Tu, eu, uma garrafa de vinho – da qual não precisas de beber –
e tempo - o necessário para que não fique nada por dizer.
Distância, apenas a suficiente como para ouvir-te respirar
ou identificar o cheiro do perfume que usas – se é que usas algum.
Assim são as conversas olhos nos olhos, pelo menos as minhas,
as que aprecio e relembro quando preciso um motivo para sorrir.
E não fazem sentido de outra forma.
Sobram o teclado, o monitor, a tua fotografia estática e o meu por de sol,
e as câmaras, se existissem, principalmente as câmaras.
Sem dar conta, andamos às voltas com as palavras, com as conversas.
Não conhecemos as nossas vidas, porque – felizmente – suponho que qualquer um de nós,
tem com quem partilhar esses momentos do dia a dia.
Por necessidade ou educação habituamo-nos a perguntar: como estás?
a intervalar as respostas, comentários ou perguntas,
como se houvesse uma ordem a respeitar,
a confessar que gostamos de falar um com o outro,
como se tivéssemos que justificar o tempo que utilizamos para o fazer,
a trocar elogios e reparos, como as crianças trocam berlindes.
Olhos nos olhos, são outras conversas,
porque não há atrás do que se esconder,
porque não se quer esconder nada,
porque não se é mais uma,
porque não é apenas mais uma.
Assim são as conversas olhos nos olhos, pelo menos as minhas,
uma partilha onde se ouve, se fala, se ri e se chora se for caso,
porque se é especial, porque se está com alguém especial.


SBD 15.05.2006

Apetecia-me muito ter uma conversa olhos nos olhos contigo, infelizmente, para isso é necessário algo que te falta, sinceridade, o que tornaria a nossa conversa olhos nos olhos, num meu monólogo de olhos num apetecível copo de vinho tinto.

1 Comments:

Blogger Nilson Barcelli retalha...

Estás a começar, mas gostei do que li.
Boa sorte para ti e para o blogue.

26 maio, 2006 09:13  

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